Porque os socialistas devem apoiar a independência?

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Porque os socialistas devem apoiar a independência?

05/12/2012 |

Artigo de Colin Fox

Tommy Docherty, o lendário treinador do Manchester United, dixo depois de a sua equipa sofrer umha derrota humilhante: “Perdemos por 4-0, e, francamente, tivemos sorte de chegar a zero.” Os tories na Escócia sabem exatamente como ele se sentia, já que som tam odiados que tenhem apenas um dos 56 parlamentares, e têm sorte de ter isso!​
E ainda, por incrível que poda parecer, os seus parceiros de coalizom em Londres som ainda mais desprezados. Os Liberais Democratas nom têm nenhum representante eleito no Parlamento escocês por qualquer das suas circunscriçons continentais e foram “destruídos” nas últimas eleições locais por se juntarem aos odiados Tories no Parlamento de Westminster.

Isso representa um dilema para os trabalhistas (Labour Party). Como animadores da campanha “Nom à Independência” estám em coalizom com os Conservadores e os Liberais Democratas. O ex-parlamentar escocês Charlie relleniton, que perdeu o seu assento frente o SNP (Partido Nacional Escocês) expressou a inquietaçom generalizada sentida polas hostes de Ed Miliband, quando recentemente tuitou, “Milhonários tories e ativistas do partido trabalhista ‘Better Together’ [‘Melhor juntos’]!!?? “​
Esta é a oposiçom política que enfrenta o exuberante movimento de independência que se manifestará em Edimburgo no sábado. Será a primeira vez que os soberanistas têm a oportunidade de se reunir desde o lançamento da campanha “Yes Scotland” [Sim à Escócia] em Junho. Promete ser um grande dia. O primeiro-ministro Alex Salmond falará polo SNP, assim como Patrick Harvie polos Verdes e eu polo SSP (Partido Socialista Escocês). Os nossos três partidos fundadores da Convençom de Independência Escocesa em 2005 vam-se juntar a milhares de pessoas que vêm de toda a Escócia, incluindo muitos membros de associações cívicas e culturais.

Vale ressaltar que os termos do debate mudaram significativamente desde os anos 90. Os “unionistas” agora aceitam que a Escócia é umha naçom com o direito inalienável à autodeterminaçom. Eles também aceitam que a Escócia é perfeitamente capaz de gerir os seus assuntos, e até mesmo admitir que seria umha das nações mais ricas do mundo. Nom foi sempre assim. Mas eles insistem, “nós seriamos ainda mais ricos sendo parte do Reino Unido”. Retornei a este argumento, mas, primeiro, é importante que os socialistas notem que apoiarmos a auto-determinaçom nom nos fai nacionalistas. Lenin, por exemplo, apoiou o direito dos povos à auto-determinação, assim como Rosa Luxemburgo, John Maclean e James Connolly. Ninguém que esteja familiarizado com as suas obras chamaria-os de “nacionalistas”.​
A independência não é incompatível com a luta de classes, é parte dela.

A independência não é incompatível com a luta de classes, é parte dela. E para o Partido Socialista Escocês, independência significa que os escoceses serám livres da dominaçom dos neoliberais especuladores financeiros que agora dominam a economia mundial. A SSP vê na independência um passo na direçom de umha sociedade melhor e nom um fim em si mesmo. Nós trabalhamos para umha Escócia socialista e independente, umha república democrática moderna. E esta visom está recebendo mais e mais apoio a medida que o debate se desenvolve.​
O SSP afirma que, se todos os rendimentos, taxas, impostos e recargos cobrados na Escócia, e agora tras*feridos para o Tesouro do Reino Unido, ficassem aqui, é claro que a Escócia seria um lugar mais próspero. Mas nós também aceitamos que o povo trabalhador estará melhor só se luitamos para compartilhar esta riqueza. Nom haverá ganhos automáticos resultantes da independência. Somente a classe trabalhadora pode melhorar seus estándares de vida. E este aperfeiçoamento é essencial, porque a Escócia tem das piores condições sociais no Reino Unido. Com 225 mil pessoas oficialmente desempregadas ademais de 800.000 em empregos a tempo parcial, temporários ou inseguros, ganhando o salário mínimo (R $ 6,08) ou menos, é precisa de muita ajuda. Umha em cada três famílias tremem na pobreza e mentres o seu nível e qualidade de vida entram em colapso. As obscenas desigualdades escocesas estám a se estender, e nom diminuir, enquanto sofremos as consequências da pior recessom econômica em 80 anos. Os 1.700 empregos perdidos esta semana na empresa de carne Halls of Broxburn é apenas o caso mais recente em uma longa série de contratempos para comunidades como West Lothian.​
O debate sobre a independência, até agora, tem sido criticado por estar muito focado em questons processuais: se haverá umha ou duas perguntas nas urnas, se o Parlamento escocês tem poder legal para realizar um referendo, quem irá supervisionar o processo eleitoral … Essas questons irám resolver-se cedo, polo que o debate deve se concentrar sobre a questom mais importante: estará a classe trabalhadora melhor com a independência ou nom?​
“Better Together” argumenta que Escócia recebe benefícios da Uniom. A verdade é que o capitalismo británico impede o progresso da classe trabalhadora escocesa. Nega-lhe oportunidades e agora está realizando cortes drásticos nos serviços públicos básicos. Da mesma forma, o belicismo británico, com o quinto maior orçamento militar no mundo, envergonha-nos a todos ao ser usado na ocupaçom do Afeganistám, após a invasom do Iraque e o bombardeamento da Líbia.

Tudo isso levanta umha questom cada vez mais direta aos progressistas escoceses: devemos colocar nossas esperanças em outro inútil governo trabalhista, ou viramos o rumo cara a independência? Ed Miliband promete mais cortes, mais belicismo, mais isenções fiscais para os ricos, mais taxas para os ganhos da classe trabalhadora, mais privatizações e mais ataques às liberdades civis. Já tivemos avondo. A tradiçom social-democrata escocesa aspira a outras políticas: a aboliçom do re-pagamento no sistema de saúde, atendimento gratuíto para idosos, educaçom universitária gratuíta, viagens gratuítos para os maiores … Estas características simbolizam o compromisso escocês com a coletividade, o rejeitamento da austeridade, dos cortes e, acima de tudo, dos conservadores.

O movimento de independência tem uma oportunidade única de tras*formar a Escócia e para dar ao país a política que os cidadãos precisam. A maneira de ganhar o referendo é defender esta “agenda tras*formadora” e promover uma visão alternativa para a Escócia, que rejeite o atual modelo capitalista neoliberal e belicista que nos oferecem.

Intervençom na manifestaçom pola independência em Edinburgo

Amigos e amigas, saudaçons do Partido Socialista Escocês. Orgulho-me de fazer parte desta maravilhosa ocasiom e deste movimento vibrante, em que Escócia novamente afirma o nosso direito inalienável à autodeterminaçom e à independência.​
Olhai ao vosso redor. Pode ser de Setembro, mas isto, isto é o início da Primavera escocesa. Deixemos que o mundo tome nota de Edimburgo hoje que nós, os escoceses, estamos manifestando-nos pola nossa liberdade e estamos determinados a proteger os nossos plenos direitos democráticos.

re-afirmamos hoje que o apoio à auto-determinaçom de um país non fai alguém ser nacionalista, fai-no um democrata

E re-afirmamos hoje que o apoio à auto-determinaçom de um país non fai alguém ser nacionalista, fai-no um democrata. E, como democrata, um democrata socialista, umha pergunta é a que hoje mais me interessa: vam estar as pessoas da classe trabalhadora na Escócia, que componhem a grande maioria aqui, melhor com a independência ou nom?​
Para essa pergunta, à que milhões de pessoas exigem com razom umha resposta direta, podemos responder fortemente: “Yes Scotland” [Sim à Escócia]. Pois se todas as receitas, impostos, taxas, lucros e riqueza gerada aqui na Escócia ficasse aqui, em vez de ser tras*ferido para o Tesouro do Reino Unido ou despachos de juntas no exterior, é lógico que estariamos melhor. Isso é o que significa independência. Mas as pessoas da classe trabalhadora devem entender que temos que luitar por nós mesmos e por isso demando-vos que vos juntedes a nós nesta grande causa.

Há, naturalmente, diversidade de opinions reunidas aqui hoje e eu respeito isso, mas eu quero umha Escócia independente que seja umha república democrática moderna, onde o povo decida o nosso próprio futuro, livremente, democraticamente, sem interferência ou restriçom.​
Este grande movimento aqui hoje busca os mesmos objetivos que milhares de milhões de outras pessoas em todo o mundo, a possibilidade de garantir a nossa independência e realizar a emancipaçom econômica e o progresso social do que somos capazes.​
Jimmy Reid distinguiu: “A Escócia é umha naçom. Gram-Bretanha é um estado’. E hoje o Estado britânico está em declínio. Está no epicentro de umha crise financeira mundial que explora o mundo e vai para a guerra continuamente para proteger as suas “operações”. Essa conexom cobre Escócia de vergonha.

Polo contrário, umha Escócia independente poderia ser um farol para o mundo. Nunca mandariamos os nossos filhos para morrer em guerras motivadas por saqueamento imperial. Umha Escócia independente iria declarar a paz com o mundo, nom guerra, nem ameaçaria os seres humanos com a aniquilaçom nuclear ou a destruiçom ambiental.​
Por isso, declaremos hoje que estamos construindo umha nova Escócia,​
onde ninguém é deixado atrás,​
onde a riqueza nom é a medida da grandeza ou nobreza,​
onde ajudar os outros ganha mais medalhas de ouro do que ajudar-se a si mesmo, onde o preconceito e a ignorância som erradicadas como a tuberculose, da que minha avoa e tantos outros como ela morreu em 1930, onde a Independência trai a emancipaçom econômica e a liberdade para todos, e nom apenas dum grupo seleto e onde todos estes som direitos inalienáveis, pertencentes a todos aqueles que escolheram viver aqui.


Que essa seja hoje a nossa mensagem, resoando alta e clara para os nossos compatriotas escoceses e para o mundo.

Colin Fox é porta-voz do Partido Socialista Escocês (SSP)
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